



ENCARNAÇÃO SECO DOS SANTOS, Nasceu em Stº Amador (Moura) há 58 anos, é autocaravanista desde 2005 sendo uma das fundadoras do MIDAP.
Participou na Feira dos Trastes , organizada no âmbito do CCP, em 2008, no VI e VII Encontro do CCP, bem como na inauguração da AS de Entradas. Fez parte da organização do I Seminário de Autocaravanismo organizado pelo MIDAP em Cascais (Maio de 2009). Participou no Encontro de Autocaravanistas de Chaves (2010). Participou no encontro conjunto CAB/MIDAP em 2010 bem como na inauguração da AS do Parque do Alambre. Acompanha regularmente os fóruns e blogs autocaravanistas.
1) Quando foi mesmo a primeira vez de autocaravana?
Comecei no Autocaravanismo há 6 anos.
2) E porquê? e como?
Comecei no autocaravanismo por influência do meu marido. Ele é que há vários anos segue o desenvolvimento do autocaravanismo quer através de revistas francesas quer através da participação em fóruns nacionais e estrangeiros. Tudo começou com o aluguer de AC para podermos apreciar e ver como reagíamos. Confesso que ao princípio tinha algum receio de dormir em locais ermos ou mesmo em estacionamentos na rua, mas passou…
Depois surgiu a possibilidade de comprar a nossa Rapido, que tinha a disposição que mais nos agradava e antecipámos o que estava previsto apenas para a reforma. E em boa hora o fizemos!
Ganhámos a liberdade de a cada fim de semana poder escolher um destino ou simplesmente sair sem rota definida. Pena ainda termos hora e data para regressar.
3) E que balanço faz dessas experiências?
Estes anos foram de transcendência das minhas expectativas pois se ao princípio era mais para acompanhar o meu marido, agora aprecio vivamente esta atividade e estou convencida de que irei gostar cada vez mais, pois seguramente que teremos hipótese de usufruir mais da nossa autocaravana. Nomeadamente em passeios mais extensos no estrangeiro.
4) O que é que é indispensável para si numa autocaravana?
As Autocaravanas deverão, quanto a mim primar pelo conforto. Fundamentalmente no conforto de viver, pois no dormir já não me parece tão importante. Aliás não acho graça nenhuma às camas centrais. Isso é em casa!
As Autocaravanas deverão ver o seu peso máximo mais distante da sua tara de modo a não andarmos sempre preocupados por ter peso a mais. E o seu tamanho também não deve ser demasiado grande pois dificulta a condução que aliás não pratico – só ajudo nas manobras e mesmo assim ele já fez o favor de não me ouvir e os resultados foram… enfim!
Assim seria a autocaravana ideal : grande por dentro e pequena por fora: Será que passaremos a ter dois andares?
5) O TCA é o único clube que dá relevo a função de co-piloto. Como encara essa função?
O papel do copiloto é determinante pois é mais um par de olhos alerta para muitos pormenores, pois quem conduz, por vezes não se apercebe. O copiloto marca ou colabora na definição de rotas diárias e vela para que os trajetos sejam seguidos, toma notas no “road book” para mais tarde recordar e também tem que dar uma ajuda nas manobras de parqueamento ou situações mais apertadas apesar da câmara de marcha atrás. Quanto às tarefas “domésticas” partilhamo-las de uma forma mais ou menos estabelecida e recorrente.
6) E o que acha e como vê o Movimento Autocaravanista?
O Movimento Autocaravanista tem pelo menos dois tipos de aderentes: os que gostam dos passeios e almoços e cantiguinhas e os que de uma forma mais ou menos empenhada lutam para que o autocaravanismo seja uma forma de turismo itinerante devidamente reconhecida e protegida.
Contudo, aquilo que observo no segundo grupo (já que o primeiro não me interessa de todo), é que não há respeito pelas ideias de cada um. Assumem-se muito frequentemente posições extremistas e fundamentalistas que em nada favorecem o Movimento. Tem que haver diálogo e compreensão para os pontos de vistas dos opositores de forma a sermos respeitados. Falta ainda a “super estrutura” que aglutine todas as vontades e possa representar verdadeiramente todos os autocaravanistas. Os pequenos Clubes, como o TCA, deverão ter um papel fundamental na consciencialização de um número cada vez maior dos autocaravanistas para o espírito de corpo e igualmente para a necessidade de cumprir com as regras de ouro da atividade.
7) Mas como conciliar então essas diferentes tendências?
O autocaravanismo deverá agrupar todas as tendências. Deverão existir clubes que correspondam aos anseios dos diferentes grupos: os excursionistas, os roladores, os individualistas, os culturais, os amantes da natureza e da sua observação, enfim toda a panóplia de interesses do Homem. É esta amálgama que fará o Autocaravanismo como verdadeira alavanca do desenvolvimento, como forma de turismo em locais menos conhecidos e em épocas do ano normalmente mais fracas de afluência de turistas. A referida infraestrutura ou Federação ou União seria o elo de união e a mediana de todos estes interesses.
8) E como promover uma consciencia civica e plural dita autocaravanista?
Torna-se urgente divulgar os princípios da ética e filosofia autocaravanista de modo a se reduzirem as atitudes infelizes de alguns utilizadores de autocaravana que tanto denigrem a nossa imagem.
9) Quais os seus destinos preferidos em autocaravana no nosso País?
Em Portugal gosto do Minho, Douro, Trás os Montes e do meu Alentejo.
10) E lá por fora? para onde mais se sente atraída?
No estrangeiro e daquilo que conheço realço: a Galiza, as Astúrias e o sul de França
11) Quanto a questão itinerante, é intransigente?
Não sou fundamentalista, e o uso de parques de campismo é muitas vezes uma boa solução pois garante uma segurança que muitas vezes não encontramos (ou desconfiamos) nas grandes cidades. Os parques de autocaravanas são uma versão, adaptada e simplificada, dos parques de campismo. As áreas de serviço são essenciais para uma utilização correta das nossas autocaravanas. Poderão constituir igualmente pontos de apoio para as pernoitas.
12) E quanto a preços? o que considera razovável um autocaravanista pagar?
Para o Parqueamento em zona delimitada e se possível vigiada julgo que 5 € por dia é um valor aceitável diminuindo em função do número de valências. Para o abastecimento julgo que 1 €, no máximo 2€, será um valor justo para a utilização dos esgotos e 100 litros de água.
13) Que papel se acha reservado para o TCA a que vai presidir?
Como referi anteriormente os clubes têm um papel fundamental na consciencialização dos autocaravanistas para o espírito de corpo e o respeito pelas regras de ouro. No caso específico do TCA e reconhecendo o papel influente dos copilotos na vida autocaravanista, a nossa influencia será ainda maior e mais decisiva. Deverá o TCA promover as condições para a participação de todos os associados criando oportunidades de desenvolvimento pessoal através de ações culturais quer em viagens quer pela partilha de experiencias vividas pelos mesmos e fundamentalmente desenvolver a amizade e fraternidade entre todos.
14) Por fim, que conselho a dar a quem quer ser autocaravanista?
Quem quiser começar no Autocaravanismo não hesite: alugue uma AC, saiba como deve proceder nas operações básicas de vivencia e parta à descoberta pois será seguramente emocionante.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.